A eliminação de Fortaleza e Ceará na Copa do Nordeste mostra que o fôlego dos times cearenses se limita a campeonatos locais? Esta era a pergunta do "Confronto de Ideias" desta semana, sessão que envolve textos de leitores, profissionais e especialistas da área no Jornal O POVO. O objetivo é sempre confrontar respostas contrárias e enriquecer o tema.
Do lado do "não", o sócio-diretor da Tatics, Chateaubriand Arrais Filho, foi convidado a participar e deu a sua opinião: "Temos inúmeros exemplos de sucesso para provar que o futebol cearense tem, sim, fôlego para chegar muito mais longe em competições nacionais. Exemplos um pouco mais antigos, das décadas de 70 e 80, quando já chegamos a ter os três grandes, Ceará, Ferroviário e Fortaleza, simultaneamente, disputando a Série A do Campeonato Brasileiro, e exemplos mais recentes, da década de 90 e já dos anos 2000, quando presenciamos ótimas participações de nossos clubes, inclusive do Interior, na Copa do Brasil e no próprio Campeonato Brasileiro.
Lembremos que, recentemente, o Guarany de Sobral sagrou-se campeão da Série D do Campeonato Brasileiro e o Icasa, vice da Série C. Agora, o melhor e mais claro exemplo a ser dado é exatamente a Copa do Nordeste deste ano. Se o nosso Estado parou antes de chegar à final, não há motivo para desespero ou pessimismo. É o futebol, acontece, alguém precisa vencer.
Melhor do que lamentar tal acontecimento é ressaltar que ficamos à frente de outros estados mais ricos e, teoricamente, mais fortes no esporte, como Bahia e Pernambuco. Cada um deles tinha três representantes e nenhum dos seis sequer chegou entre os quatro primeiros. Nós, com apenas dois representantes, colocamos ambos na fase semifinal.
Com a Arena Castelão, já temos o estádio mais espetacular do País. Em breve, tenho convicção de que voltaremos a ter nossos clubes cearenses, especialmente os três mais tradicionais da Capital, também dando orgulho e brilhando no cenário nacional. Fôlego, nós temos. Acreditem, apoiem e chegaremos lá."
Do lado do "sim", o repórter de esportes do O POVO, André Victor Rodrigues, escreveu: "Ceará e Fortaleza começaram o ano disputando a Copa do Nordeste até as vésperas da final. Lutaram com equipes em formulação, oscilaram e conquistaram classificações para muitos improváveis. Os dois caíram nas semifinais. O que ficou de aprendizado (ou confirmação) é que os principais clubes cearenses não podem ser levados ao patamar de favoritos em competições regionais ou nacionais. Não é peso dos escudos nem tradição: são fatores estruturais que os levam a serem incógnitas fora do campo local.
Na disputa do Campeonato Cearense, em que alvinegros e tricolores se mantêm no comando consecutivo desde 1996, montagens dos times pouco influíram na construção da hegemonia. Vovô e Leão têm as melhores estruturas do Estado e lidam com adversários de nível técnico inferior. Entram como favoritos desde já. Mas o “fôlego” para competições nacionais vai além. Pesam a unidade do time, a continuidade de trabalhos e opções de qualidade no grupo de jogadores. Os cearenses têm planejamentos de tiro curto.
O time que começa a temporada dificilmente é o mesmo que disputou Série B ou C do ano passado. Os motivos não são novidade. As diretorias têm folhas salariais limitadas e, sem resultado, há reformulações drásticas. Detalhe determinante para que as equipes entrem nas disputas de maior porte com trabalhos recém-iniciados. E com remendas durante a competição. Podem até chegar a cabeças, conquistar acessos, mas manter sequência em bons resultados fora do âmbito cearense é realidade que ora inexiste. Não é pessimismo ou desvalorização, apenas constatação.
O Alvinegro de Porangabuçu e o Tricolor do Pici são agremiações tradicionalmente de Série B e dominantes no Estado. Não é vergonha. O importante, para o torcedor, é reconhecer as limitações de Ceará e Fortaleza. Méritos como as semifinais deste ano no Nordestão precisam ser valorizados. Chegar longe fora do Estadual não é constante. É surpresa que entra para a história de times locais."
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